Seguindo o mesmo pensamento do post anterior vou deixar com vocês um poema do escritor Charles Bukowski, que descobri através da Revista Bula e me apaixonei pela forma que usa as palavras, é de uma intensidade e sensibilidade muito grande.
Charles Bukowski nasceu em Andernach, na Alemanha, em 1920, filho de um militar americano com jovem alemã. Chegou aos Estados Unidos aos três anos de idade e tinha uma vida humilde. Morou em Los Angeles por cinco décadas escrevendo e embriagando-se. Aos 24 anos teve seu primeiro conto publicado e aos 35 sua primeira poesia. Com o passar do tempo adquiriu notoriedade ao ter seus contos publicados por jornais da época, mas precisou buscar outros meios de sustento: trabalhou durante 14 anos nos Correios. Teve uma filha, fruto de seu único casamento.
Este poema é daqueles que você cola no diário pra ler de "vez em sempre" como uma forma de renovar suas idéias e atitudes quanto ao que gosta de fazer.
Então queres ser um escritor?
(Tradução: Manuel A. Domingos)
se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.
se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.
se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.
não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
— devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
— devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.
quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
não há outra alternativa.
e nunca houve.
Foto: Tumblr
Durante dias, meses, anos você tem se inspirado com a vida. Seu modo de viver e das pessoas que o rodeiam te trazem sentimentos muitas vezes intensos demais para deixar guardado no peito, eles precisam sair! Tomar forma no papel, é a maneira mais prazerosa de organiza-los dentro de você.
É assim que eu me sinto! Vez ou outra estes sentimentos me tomam com mais fervor, é quase um sufocar de palavras. Mas quando escrevo a calmaria vem e os pensamentos tratam logo de achar algo novo, que me inquieta e me impulsiona a buscar através de cada escrita a descrição de tantas sensações.
O ciclo começa...e é isso que mais me dá prazer, é o conteúdo renovado pelos questionamentos diários, aos quais me fazem crescer, saber, VIVER!
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